Diagnóstico

O Audiologista planifica, aplica e interpreta exames complementares de diagnóstico de exploração funcional auditiva clássica e eletrofisiológica (para determinar se alguém ouve dentro da faixa normal para a sua faixa etária), do processamento auditivo central e das alterações do equilíbrio, com o objetivo de identificar, quantificar e qualificar anomalias do sistema audio-vestibular e do facial.

O PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL

O Processamento Auditivo Central (adiante designado de PAC) é a forma como o sistema auditivo recebe, analisa e organiza aquilo que ouvimos. É um conjunto de processos que ocorrem no tempo e que permitem que um indivíduo realize uma análise metacognitiva (“processamento”) dos estímulos sonoros (“auditivo”) e que envolvem as estruturas do sistema nervoso (“central” = vias auditivas e córtex auditivo).

COMO IDENTIFICAR ALTERAÇÕES DO PAC?

Existem inúmeros sinais e/ou sintomas que nos permitem identificar dificuldades ao nível do processamento da informação auditiva, são eles:

Intolerância a ruído;
Dificuldade em ouvir em ambiente ruidoso;
Dificuldade em entender palavras com duplo sentido ou piadas;
Dificuldade de expressão e/ou confusão a contar algum facto ou história;
Dificuldade em manter a atenção aos sons;
Inversão de letras ao escrever (b, d, p, q, entre outras);
Troca de letras com sons semelhantes (p/b, t/d, f/v, m/n, entre outras);
Baixo rendimento escolar (criança) ou baixo rendimento nas atividades do trabalho (adulto);
Dificuldade em entender ordens ou regras;
Agitação excessiva;
Letra feia;
Dificuldade em aprender uma língua estrangeira.

PORQUÊ A AVALIAÇÃO DO PAC?

Realizar a avaliação do PAC permite-nos verificar as habilidades/ incapacidades auditivas para propor estratégias de reabilitação e também nos permite coadjuvar ao diagnóstico para outras áreas clínicas em que os indivíduos apresentem sinais e/ou sintomas similares aos indivíduos com alterações do PAC (adiante designado de TPAC). O TPAC pode acontecer isoladamente ou estar associado a outras alterações tais como: dificuldade de aprendizagem, dificuldade de fala e/ou linguagem, dificuldade de leitura e/ou escrita, défice de atenção e/ou hiperatividade, dislexia, entre outras comorbidades.

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EXAMES DE AUDIOLOGIA

1. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PERIFÉRICA DO OUVIDO

OTOSCOPIA: A otoscopia consiste num exame visual direto do canal auditivo externo e do tímpano efetuado com a ajuda de instrumentos específicos (otoscópio ou vídeos-cópio). Trata-se de uma exploração muito comum que, na sua forma mais simples permite-nos diagnosticar várias patologias do canal auditivo externo (inflamações, infeções, corpos estranhos, tampões de cerúmen, entre outros), e é incluída em qualquer exame clínico geral ou de controlo auditivo.

2. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO AUDITIVA

AUDIOGRAMA TONAL SIMPLES (ATS): O audiograma tonal simples é o exame auditivo por excelência e tem como finalidade determinar a intensidade mínima, ou seja, encontrar o limiar auditivo. A avaliação dos limiares auditivos fornece-nos o grau de audição ou grau de perda auditiva, o exame é efetuado tanto por via aérea, através de auscultadores como por via óssea, através do vibrador ósseo.

AUDIOGRAMA TONAL INFANTIL (ATI): O audiograma tonal infantil segue as bases de avaliação do ATS contudo é um exame mais direcionado para as crianças numa faixa etária entre os 3 até aos 8 anos. Pode ser necessário incluir testes comportamentais: block-test, ROC, entre outros.

AUDIOGRAMA VOCAL (AV): O audiograma vocal é um exame que avalia a capacidade de discriminação dos sons da fala e é determinado o limiar de inteligibilidade (em percentagem). Para a sua avaliação podem ser utilizadas listas de palavras dissilábicas ou trissilábicas.

AUDIOGRAMA VOCAL INFANTIL (AVI): O audiograma vocal infantil segue as bases de avaliação do AV contudo é um exame mais direcionado para as crianças numa faixa etária entre os 4 até aos 10 anos. Para a sua avaliação é por norma utilizada a Lista de Lafon Pediátrica, contudo podem ser utilizadas listas de palavras dissilábicas ou trissilábicas.

LIMIAR DE DESCONFORTO (LD): O limiar de desconforto auditivo é avaliação Consistem na determinação da intensidade de um estímulo que se torna desconfortável para o paciente. É realizado para as frequências de 250, 500, 1000, 2000, 4000, 8000Hz, com sons puros.

ACUFENOMETRIA: A acufenometria consiste na identificação subjetiva do acufeno sentido pelo paciente, definindo as características psicofísicas do acufeno em frequência e intensidade; posteriormente é pesquisado o nível mínimo de mascaramento e a inibição residual do acufeno. O acufeno, ou zumbido, é definido como uma perceção auditiva indesejável, sem estímulo acústico externo, num ou em ambos os ouvidos ou na cabeça, e raramente ouvido por outras pessoas.

3. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DO OUVIDO MÉDIO

TIMPANOGRAMA: O timpanograma é um teste não comportamental realizado a crianças e adultos para verificação da mobilidade e conservação do ouvido médio (tímpano e ossículos) face a uma determinada pressão e frequência, é um teste rápido, indolor e não-invasivo.

PESQUISA DE REFLEXOS ACÚSTICOS ESTAPÉDCOS: A pesquisa de reflexos estapédicos avalia a integridade da cadeia ossicular (músculo estapédico constante do ouvido médio) e da via auditiva (nervo auditivo). Podem ser pesquisados os reflexos acústicos estapédicos de forma ipsi e contra-lateral em diferentes intensidades e frequências.

IMPEDÂNCIA/IMPEDANCIOMETRIA: A impedância ou impedanciometria é o exame mais completo para avaliação do funcionamento do ouvido médio e do nervo auditivo. Avalia as patologias do ouvido médio e estuda as respostas do músculo estapédico nas diferentes intensidades juntando assim o timpanograma e a pesquisa de reflexos acústicos estapédicos.

ESTUDO TIMPANOMÉTRICO DA FUNÇÃO DA TROMPA DE EUSTÁQUIO OU DA FUNÇÃO TUBÁRIA: o estudo timpanométrico da função da trompa de Eustáquio é um exame que avalia o comportamento do canal que liga o ouvido médio à faringe e que ajuda a manter o equilíbrioda pressão atmosférica entre os dois lados do tímpano (trompa de Eustáquio), através de manobras que vão criar diferenças de pressão no ouvido médio.

4. AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DA FUNÇÃO AUDITIVA CENTRAL

PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: A avaliação do processamento auditivo central é um exame auditivo que consiste na avaliação das habilidades auditivas necessárias para que o indivíduo ouça, compreenda e processe a mensagem recebida que pode ser verbal ou não-verbal. Em termos resumidos é a interpretação que o cérebro realiza do som ouvido. Para a avaliação da função auditiva central é necessário que o funcionamento periférico do ouvido esteja intacto pelo que pressupõe sempre a realização anterior de um audiograma tonal, vocal e impedância.

PREPARAÇÃO: Para a avaliação do processamento auditivo é importante referir que o exame exige muita concentração, logo a criança ou adulto não deve vir com fome, sono ou cansaço, depois de um dia de escola, trabalho ou de atividade física intensa.