Apoio Psicológico no Luto e nas Perdas Emocionais

A sociedade atual não nos prepara para lidar com perdas e a morte é um assunto pouco falado, muitas vezes evitado. No entanto, todos nós vivemos ao longo da nossa vida inúmeras perdas, todas elas de natureza diferente: ruturas afetivas, morte de entes queridos, abdicação de ideais a nível pessoal ou profissional, perda de capacidades físicas e/ou mentais ou, até mesmo, a perda da nossa vida como a conhecíamos, são alguns dos acontecimentos de vida que nos levam a vivenciar o luto que todas eles requerem.

O que acontece é que, por vezes, o acumular de todas estas perdas consecutivas levam-nos a sentirmo-nos desarmados e sem capacidade de enfrentar o sofrimento que estas perdas provocam. Nestes casos, tendemos a negar, de forma inconsciente, que algo de errado se passa, o que poderá ter consequências devastadoras num período de tempo mais alargado. Tornamo-nos ainda mais vulneráveis perante outras perdas que poderão ocorrer futuramente na nossa vida, quando podemos escolher procurar ajuda profissional de alguém que seja capaz de nos apoiar nesta experiência menos positiva.

O luto em si é um processo complexo, que depende de inúmeras variáveis e que nunca pode ser tratado da mesma forma. Isto porque nenhum luto é igual ao outro. Cada pessoa vivencia o luto de forma diferente dependo de inúmeros fatores, desde o meio em que está inserido e o próprio contexto da perda em si. Tudo pode influenciar o modo como enfrentamos os nossos lutos.

As consultas de Apoio Psicológico no Luto e nas Perdas Emocionais, através da escuta ativa e especializada, pretendem assim proporcionar apoio a pessoas que experimentam situações de perda ou luto complicados, ajudando-as a expressar e a lidar com a dor e a angústia, a elaborar essa vivência e a encontrar recursos pessoais e sociais para lidar com a situação e prosseguir a sua vida ao seu ritmo (o que traz algum alívio e conforto).

Ainda sobre o luto…

O luto caracteriza-se por uma das experiências mais dolorosas vivenciadas pelo ser humano, na qual há a ocorrência de um conjunto de sentimentos, carências e vazio que precisam de tempo para ser compreendidos e resolvidos.

De acordo com a SPEIL (SPEIL – Sociedade Portuguesa de Estudo e Intervenção no Luto), o luto é um processo de reação a uma perda com significado pessoal profundo, tendo como causas: a perda de ente querido (por morte, separação conjugal, emigração e encarceramento), a perda de fantasia de afeto (por interrupção de gravidez ou nascimento de filho deficiente), o dano por amor próprio (por mastectomia, amputação ou paraplegias), a desqualificação social (por desvalorização da imagem pública, desemprego e não reconhecimento de competências).

Um luto é considerado normal, quando a pessoa experiência sentimentos de tristeza, enfado, culpa, ansiedade, solidão, fadiga, impotência, choque, emancipação, alívio entre outras, durante um tempo suficiente para si, que lhe permite (r)elaborar a perda, e nesse sentido percorrer as diferentes fases do luto até conseguir finalmente atribuir um sentido à perda e assimilar as memórias sem dor nem sofrimento.

Um luto patológico ou complicado, que poderá acarretar um elevado sofrimento e vários tipos de distúrbios, está muitas vezes ligado à personalidade de quem sofre o luto (e aos mecanismos psicológicos que usa para lidar com a situação), mas também a questões que envolvem o relacionamento com a pessoa perdida como, por exemplo: quem era a pessoa com quem se perdeu o contato, a natureza desta ligação, a forma com que essa morte ocorreu, a história de vida, entre outros. Neste caso, a pessoa persistirá no processo de luto por mais de um ano e apresenta vários sinais e sintomas, sendo fundamental a procura de ajuda profissional para ultrapassar a situação.

Seguem-se dois exemplos de “fatores” que podem predispor ao desenvolvimento de um luto patológico:

Mortes repentinas, violentas, inesperadas ou de pessoas jovens que podem provocar o chamado “transtorno do estresse pós-traumático” – o mesmo que pode ocorrer diante de assaltos ou exposição às situações agudas de estresse. Este transtorno traz medo extremo, angústia e reclusão, além de pensamentos negativos que acabam por evitar situações sociais em que a pessoa poderia estar vulnerável ou exposta à mesma violência sofrida;
Para crianças e/ou adolescentes o luto, advém da quebra do vínculo afetivo e posterior elaboração da perda de uma figura que em certas circunstâncias tem para eles valor de sobrevivência, originando desta forma uma intensa ansiedade (ansiedade de separação) que poderá vir a influenciar a maneira como o sujeito lida com os seus vínculos e perdas futuras, bem como a confiança que depositará em si, nos outros e no mundo.