Depois de contar a história, é sempre importante realizar um trabalho em que as crianças se envolvam e relembrem o que foi contado.

É preciso considerar a faixa etária da criança e o momento em que escolheu para narrar a história (durante o dia, antes de dormir,…) pois são fatores determinantes nesta fase.  

Sugestões para crianças de 2 a 5 anos

  1. Recontar a história: após a leitura, peça à criança para recontar oralmente a história. Auxilie-a com as seguintes perguntas: Quem aparece na história? O que acontece na história? Onde ela se passa? Quando? Quem fez o quê? Por que foi feito?
  1. Descrição de cenas: durante a leitura, peça-lhe para observar atentamente as ilustrações e dizer o que está a acontecer. Se ela não responder, faça perguntas para orientá-la, como por exemplo: “O que esta personagem a fazer?”, “Para onde vai o cão?”, “É de dia ou de  noite?”, “Ele está triste, alegre, surpreso ou preocupado?”.
  1. Desenhar a história: A criança pode representar a história, podendo por isso fazer vários desenhos. Ou escolher a parte da história que mais lhe agradou ou que despoletou uma determinada emoção com a qual teve dificuldade em lidar. Se a criança souber escrever pode também propor que escreva pequenos textos junto dos desenhos e assim ficará a sua própria história ilustrada.
  1. Colagem: a criança pode fazer colagens representando uma cena do livro ou um de seus personagens, utilizando recortes de revistas, jornais, retalhos, botões, cordões coloridos etc.
  1. Memorização de textos curtos: escolha uma poesia curta ou um trecho breve de uma história para que a criança memorize. Comece dizendo um verso (ou frase) e pedindo-lhe para repetir. Vá acrescentando progressivamente tantos versos (ou frases) quantos a criança for capaz de memorizar. Em uma ou duas semanas ela já terá o texto de cor.
  1. Super detetive: Se pretende desenvolver a sua atenção, pode propor-lhe que seja um “Super Detetive!”, ao procurar pistas secretas definidas por si (cores, páginas onde está um determinado personagem, contar alguns objetos, …).
  1. Inventar outro final: Em família podem pensar acerca de outras possibilidades de final, realistas ou engraçadas… e divertir-se a imaginar!
  1. Escolher o personagem preferido e imitá-lo.

Sugestões para crianças de 6 a 10 anos

  1. Reformular a história: após a leitura, peça à criança para recontar oralmente a história. Auxilie-a com perguntas: 

Questões literais – são as perguntas simples e diretas, que obrigam a criança a reformular a história à sua maneira e com as suas próprias palavras.  Por exemplo: “Qual o nome da personagem principal?”, “O que lhe aconteceu depois que saiu de casa?”, “O que é que encontrou no caminho?”. Pode também pedir que faça comparações, como: “Quem era o mais corajoso dos dois meninos?”. Assim a criança pode envolver-se numa discussão mais aprofundada. 

Questões de inferência – ajudam a criança a aprender a “ler nas entrelinhas”, ou seja, a encontrar a informação que não foi passada diretamente, mas estava implícita na história infantil. Perguntas do tipo: “Porque achas que o menino fugiu de casa?” ou “Como achas que o menino se sentiu depois que achou o caminho de volta?”, ajudam a criança encontrar a moral da história.

Questões avaliativas – conduz a criança a fazer associações com experiências pessoais. Neste estilo de pergunta, a criança deve seguir um aspeto da história, como evento principal ou caráter da personagem. Por exemplo: “Achas que os dois meninos eram muito diferentes?” ou “Achas que o menino deveria ter fugido da situação?”. Estes tipos de perguntas estimulam a criança a criar uma base para fazer julgamentos de acordo com seus próprios sentimentos.  

  1. Super detetive: Se pretende desenvolver a sua atenção, pode propor-lhe que seja um “Super Detetive!”, ao procurar pistas secretas definidas por si (cores, palavras que comecem por determinado som (/a/, /m/) ou sílaba (/pa/, /bo/) palavras no plural, etc.). Pode-se estipular um limite de tempo ou de palavras, e no final pensar numa recompensa especial (como uma sobremesa, um autocolante, uma ida ao parque, entre outras).
  1. “Prezado autor”: a criança redige uma carta ao autor do livro, falando sobre o que gostou, o que não gostou, o que sentiu, o que modificaria na história, etc.
  1. Email ao personagem: a criança escreve um e-mail  dirigido a um dos personagens do livro, fazendo-lhe perguntas, aconselhando-o, etc.
  1. O faz-de-conta continua: a criança reproduz o cenário da história, representa um de seus personagens, encena algumas passagens da história, etc. Isso ajuda-a a transformar o texto lido numa experiência pessoal.
  1. Monólogo dramatizado: sugira à criança que redija um monólogo para um dos personagens, imaginando-o “fora” do livro (Onde é que ele está? O que está fazendo? Por quê? No que ele está pensando?).
  1. Pesquisa sobre o autor: peça à criança para fazer uma pesquisa sobre o autor do livro (por exemplo, a época em que viveu, o que mais publicou, etc.) Para isso, disponibilize livros de referência, como enciclopédias. Vocês também podem recorrer à internet, tomando o cuidado de consultar fontes confiáveis.
  1. Fazendo uma mapa: se estiverem a ler uma narrativa que se desenvolve em vários espaços diferentes, que tal propor a construção de um mapa. Ajude-a a relembrar os locais e, utilizando as pistas do texto, representá-los num mapa.
  2. Explorando um lugar: ao ler narrativas que se passam em lugares que a criança desconhece ou conhece muito superficialmente, caso a criança demonstre interesse, proponha a consulta de enciclopédias, livros de história, mapas, etc.
  1. Filme: aproveite para assistir com a criança um filme que represente a história, fazendo comparações e contrastando o original com a produção cinematográfica.
  1. Visualização de outros tempos: em se tratando de uma narrativa histórica, peça à criança que pesquise obras de arte e/ou a arquitetura correspondentes ao período em que se passa a história.
  1. Gravar a narração: sugira à criança gravar sua própria leitura da história, em voz alta. Assim, poderá ouvir como é a articulação dos sons da fala, como é a pontuação e entonação.
  1. Ponto de vista: a criança reescreve a história, modificando o ponto de vista (caso a narrativa esteja em primeira pessoa, pode-se narrá-la na terceira pessoa ou, mantendo-se a primeira pessoa, pode-se apenas modificar o narrador).
  1. Autobiografia: a criança pode escolher o personagem de que mais gostou e escrever uma autobiografia (utilizando a primeira pessoa), contando como vivia antes dos acontecimentos narrados no livro e como passou a viver depois deles.
  1. Eu, escritor: a criança aproveita o tema da narrativa para escrever uma história de sua própria imaginação, inventando as personagens, o cenário, os acontecimentos etc.
  1. Especulação: caso a leitura se estenda por mais de um dia, peça à criança para redigir a continuação da história. Assim, a criança ficará muito curiosa por saber se conseguiu adivinhar o que o autor tinha em mente.
  1. Epílogo: a criança redige um epílogo contando o que aconteceu aos personagens depois do fim da história.
  1. Retomada dos eventos principais: num cartão, a criança escreve em poucas palavras os principais acontecimentos da história. Oralmente, ela os reconta de forma encadeada, dando os motivos de cada evento.
  1. Expandir/Sintetizar: a criança reescreve a história, expandindo-a (desenvolvendo os diálogos, fornecendo mais detalhes etc.). Depois, reescreve a história limitando-se aos acontecimentos principais.
  1. Narrando a história em várias direções: a criança identifica as informações principais sobre a história, respondendo às perguntas: Quem fez o quê? Quando foi feito? Onde foi feito? Como foi feito? Por que foi feito? Com base nessas informações, peça-o para recontar brevemente a história. Em seguida, peça-o para recontar a história do fim para o começo, e então do meio para o fim.

Helena Mendes – Psicóloga Clínica & Educacional

Ana Catarina Canha – Terapeuta da Fala

julho de 2020